Respeita as Mina- Fonte O Globo.



 Na Lapa, a imagem de autoria desconhecida deixa um recado aos homens. (Foto: Elisa de Souza / Arquivo Pessoal)


'Respeita as mina': ruas do Rio têm mensagens feministas espalhadas
Frases e cartazes chamam a atenção para as questões das mulheres.
Liberdade e luta contra atitudes machistas são assuntos recorrentes.
Elisa Sousa *
Do G1 Rio
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Nas paredes do Rio, as mulheres vêm mandando o recado. “Respeita as mina”, “Deixa ela em paz”, “Sororidade”, “Seu machismo é brochante”. As frases feministas andam se multiplicando em inscrições, cartazes e stencils espalhados pela cidade e as mensagens reforçam a mesma ideia: liberdade e autonomia para elas.
Na Lapa, stencil deixa recado para os homens.
(Foto: Elisa de Souza / Arquivo Pessoal)
Muitas das iniciativas são espontâneas e independentes, já outras, articuladas. As estudantes Mayara Bello, de 23 anos, e Natalia Bizarria, de 19 anos, estão à frente do grupo Intervenção Feminista RJ. Com mais de 200 membros, o grupo deixa sua marca nos transportes coletivos.
“Fizemos uma campanha que contou com a estratégia de cada mulher intervir nos ônibus em que anda pela cidade, escrevendo mensagens de apoio a outras mulheres, aceitação, ou fazendo uma fagulha coçar pra pedir àquele homem fechar as pernas, já que você também tem direito ao banco”, diz Mayara, que explica que não existe um direcionamento e que cada menina é livre para escrever aquilo que sente vontade.
A fotógrafa Manuela Galindo, de 29 anos, vem colando cartazes com a frase “Deixa ela em paz”, pela cidade, por considerar que a sentença expressa o sentimento de muitas mulheres.

No Méier, o cartaz da fotógrafa Manuela Galindo pede respeito (Foto: Marina Andrade/ Arquivo Pessoal)
“Serve para situações diversas pelas quais passamos. Quando alguém te fala uma gracinha na rua, quando acham que podem decidir por você se, como e quando ter filhos. Quando um ex se acha para sempre no direito de te ligar, por mais que você diga não. A lista podia ser infinita, infelizmente”, diz ela, que já espalhou a mensagem por Glória, Catete, Flamengo, Méier, Botafogo, Jardim Botânico, Gávea e Copacabana.
No Méier, o cartaz da fotógrafa Manuela Galindo pede respeito (Foto: Marina Andrade)
                  Ela conta que já viu até interações com o cartaz. “Em um deles escreveram ‘ela quem?’, no outro dia estava escrito ‘todas elas’“, relata.

Em uma escada na Zona Norte, a mensagem de Saulo Pessato diz 'Moça, são versos até suas estrias. Só não as mostre a quem não sabe ler poesias' (Foto: Marina Andrade/ Arquivo Pessoal)
Prefeitura coibe iniciativas
Embora as mensagens agradem a muitas, a prefeitura reprova as inicativas em espaços públicos. "É proibida a afixação de mensagens no mobiliário urbano sem prévia autorização do poder público. A retirada de cartazes e faixas nos logradouros públicos faz parte da rotina de limpeza da Comlurb. O Programa Lixo Zero fiscaliza e multa os infratores", diz a nota enviada pela assessoria de imprensa.

Desenhos com a legenda 'Se toca', do Coletivo de
Mulheres (Foto: Isabela Reis / Arquivo Pessoal)
As moças, no entanto, lamentam. “Em uma viagem à Europa, percebi que os muros das cidades gritavam. Comecei a me tocar que as mensagens em muros são criminalizadas aqui, ao invés da rua ser usada como meio expressão. O ato é altamente repreendido e julgado por parte de outros cidadãos. Os espaços públicos são cooptados dentro de uma lógica higienista.”, opina Mayara.
                                             *Sob supervisão de José Raphael Berrêdo.
Em uma escada na Zona Norte, a mensagem de autoria desconhecida diz 'Moça, são versos até suas estrias. Só não as mostre a quem não sabe ler poesias' (Foto: Marina Andrade)

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