DUTÃO- Viaduto de Madureira- 25 ANOS / Video- História do Charme 2

 
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A historia do Baile Charme no Viaduto de Madureira

Um grupo de amigos fundou um bloco carnavalesco na parte inferior do Viaduto Negrão de Lima em Madureira, despertando a atenção de um produtor de Baile Charme local chamado César Ataíde. César queria envolver toda a massa do subúrbio em um projeto musical, e após um bom tempo em busca de um lugar perfeito para seu projeto, conseguiu autorização para realizar o Baile Charme na Rua em março de 93, na Praça das Mães. Na época a festa foi comandada pelos DJs Marki New Charm, Lopy, Michel, Cali, exímios frequentadores também do baile charme Vera Cruz, na Abolição.Inicialmente apoiados por equipamentos emprestados pelo DJ Marlboro, eram camelôs em Madureira vendendo cópias de artigo original a preços populares, e seu lazer era o baile charme Vera Cruz (baile charme do DJ Corello no bairro de Abolição). Impulsionados pela idéia ” temos que ter nosso próprio baile charme “, utilizaram a parte inferior do Viaduto Negrão de Lima para eventos de black music e cobriam os custos do evento com a venda das bebidas, e assim os amigos fundaram o Baile Charme na Rua.
Com a alta do movimento hip-hop no Rio de Janeiro e a identificação deste público com a Black Music em geral, estes passaram a frequentar também os bailes Charme na Rua e o DJ Marki, um dos djs de R&B sensíveis à importância do hip-hop no Rio de Janeiro conheceu o DJ A e o convidou para participar dos bailes Charme na Rua”.
Reconhecido pelo governo do estado como instrumento essencial à cultura, o baile “Charme na Rua” foi rebatizado como Projeto Rio Charme sofreu reformas visando mais conforto e segurança e para sua preservação cobra ingresso aos frequentadores. Atualmente  o hip-hop, o new jack e o R&B têm presença definitiva no repertório e conta com diferentes gerações de amantes da Black Music no Rio de Janeiro.
O baile charme do Viaduto Negrão de Lima em Madureira acontece todos os sábados às 22h. Confira!

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Charme é um termo antigo usado para o R&B no estado do Rio de Janeiro. Foi substituído hoje pelo R&B Contemporâneo, uma vertente da black music (Música negra americana) que se desenvolveu a partir do Urban contemporary. Hoje chamamos de Charme músicas negras dos anos 80 e 90 que incorporam o estilo Soul e Funk Americano.
As músicas deste estilo são compostas de forma específica. Elas têm, dentre outras características, um ritmo que é quaternário, muito bem delineado e marcado. Os arranjos são muito bem organizados e chamam a atenção. O trabalho vocal tende sempre a ter uma maravilhosa performance vocal do artista, o que não impede de haver determinadas músicas que não tenham vocal.

História

A origem deste estilo remonta uma época paralela à Soul music, nos anos 1970, cuja execução no Brasil foi realizada por DJs como Mister Funk Santos.1 O charme tem mais do som da Filadéfia pelos arranjos e melodia do que propriamente do Soul, afinal, tratava-se de uma terceira vertente depois do Soul e o funk.
No final de 1976, a Soul music dava sinais de desgaste, seja pela pulverização do repertório ou pela não renovação do seu público. Outro detalhe que apressaria a morte do Soul foi o nascimento de um outro movimento entre jovens brancos da Zona Norte e Oeste do Rio - "O som das Cocotas". Fica aqui o registro que o movimento "Black Rio" era formado por 60% de negros e pardos, 40% de brancos e mestiços pobres da periferia da cidade. O primeiro "baque" sofrido pelo movimento Soul foi, sem dúvida, a descoberta e identificação do som "pop-rock" pelos frequentadores brancos da zona norte. O segundo e definitivo golpe sofrido pela agonizante Soul music foi dado pela revolução trazida pela disco music em 1977. Por ter sido um movimento mundial, a disco music mudou o comportamento, a moda e a cultura dos jovens da Zona Norte do Rio e boa parte de Brasil.
O termo charme (R&B) foi criado por Corello DJ, no Rio de Janeiro, em março de 1980.2 O DJ Corello começou na época a fazer experiências de outras formas de black music. Ele introduz a musicalidade do charme e as pessoas começam a gostar. Ele não tinha dado um nome para essa experiência, mas observou que quem dançava tinha um movimento corporal bem diferenciado. Em um baile no Mackenzie, no bairro do Méier, o Corello convida: "Chegou a hora do charminho, transe seu corpo bem devagarinho". Essa estória do "charminho" ficou na cabeça das pessoas e elas passaram a falar: "agora eu vou pro charminho, vou ouvir um charme, vou lá no Corello que vai ter charme".
Em 1980 a discoteca se enfraquece como movimento de "dança coletiva", abrindo espaço para o "pop orientado" da gravadoras multinacionais instaladas no Brasil, deixando, por assim dizer, um vácuo musical nas equipes de som do subúrbio do Rio. Corello aproveitou esse "hiato" musical e experimentou músicas e estilos não percebidos por outros DJ's da época.

Personalidades do charme e artistas

O charme também contou com a colaborção direta de DJ's que abraçaram a causa e começam a romper com a estrutura antiga das equpes de som, segundo a qual, o "dono" da equipe determinava a linha musical a ser seguida sem questionamentos.
No final dos anos 1980 e início dos 90, surgiram os primeiros artistas nacionais que começaram a produzir músicas no Brasil ou a adaptar antigas canções para este gênero musical. Dentre estes cantores destacam-se: Alexandre Lucas (como vocalista da Banda Fanzine ou em sua carreira solo), Edmon, Abdula, Marta Vasconcelos, o conjunto Fat Family, Sampa Crew, Copacabana Beat, Claudinho & Buchecha3 , Marina Lima, Fernanda Abreu, D'Black e Shirley Carvalho.
As músicas de estilo charme passaram também a ser executadas nas rádios, nas freqüências FM e AM. Nas décadas de 80 e 90 surgiram vários programas especializados em charme. Na rádio 98 FM, Fernandinho DJ produzia o "Só Mix 98", na Jovem Rio Corello apresentava o "MixMania" e o "Black Beat" (FM 105) e outros programas, como os de funk, passaram a dedicar espaços específicos para a execução de charme, proporcionando assim maior dimensão ao movimento charme.

Bailes charme

No fim da década de 1980 e até meados dos anos 1990, os bailes-charme passaram a atrair uma grande quantidade de pessoas. Alguns eventos chegaram a registrar uma freqüência de 5.000 pessoas e isto estimulou inclusive a vinda de artistas internacionais especialmente para se apresentarem nestes bailes, como Sybil, Curtis Hairston, Glen Jones e Omar Chandler.
Além das músicas e do trabalho dos DJs, outro atrativo dos bailes é o desempenho de grupos de dança, que por vezes são espontaneamente formados pelos próprios freqüentadores dos bailes. Estes grupos podem apresentar passos sincronizados e diferenciados de outros. Em algumas ocasiões podem são promovidas competições para avaliação do desempenho de cada grupo e estimular cada vez mais a criação de novos passos de dança, para que sejam apreciados por todos os freqüentadores do baile.

Projeto cultural Point Chic Charm

Na zona oeste do Rio de Janeiro, em Padre Miguel, em uma comunidade chamada "Ponto Chic", surgiu em 1998, um grupo de "resistência cultural" chamado "Point Chic Charm". Cosisitia de uma caixa de som e um repertório requintado de black music, à altura para aglutinar os saudosistas que passavam por ali e ficavam a recordar os bons tempos do reinado de James Brown e seus discípulos.
Não demorou muito e virou um grande ponto de encontro aos domingos, onde quem gostava de ouvir e dançar o charme poderia chegar, trazer a família e seus amigos. Era uma iniciativa dos irmãos negros Eduardo e Ângelo Oliveira. Algum tempo depois convidaram os DJ's, Jorge Sucesso, Beto Barra e Jhony, para comandar o baile.
O movimento cresceu, e no ponto de encontro do charme, os charmeiros passamram a se encontrar para ouvir o samba, dançar jongo, jogar capoeira, ouvir poesia, cultuar Zumbi dos Palmares e saudar São Jorge. Tudo isso fruto de aproximações naturais entre pessoas que iam chegando e se juntando por pura afinidade e sintonia.
O movimento também recebeu adeptos ilustres. Passaram pelo Ponto Chic: Ney Lopes, Neusa Borges, Mombaça, Jorge Aragão, Alcione, Fundo de Quintal, Jorge Vercilo, Arlindinho Cruz, Negras Raízes, Seu Jorge e outros. Até hoje, mantém a tradição de levar todos os domingos, a black music ao frequentadores, que se divertem nas mixagens dos Dj Marquinho Brad, Dj Júnior e DjDënnis.

Espaço cultural Rio Charme

O movimento charme foi então reconhecido e tal fato proporcionou a oportunidade de criação do Espaço Rio Charme em 1993.
Este espaço, então, se caracteriza peculiarmente por ser embaixo do viaduto Negrão de Lima, no bairro de Madureira, no Rio de Janeiro4 .
Dentre muitos DJs que lá atuaram, um dos iniciadores do espaço foi o DJ Marki New Charm. O espaço é utilizado, além para a promoção de bales charme, para a prática de eventos sociais, como basquete de rua e oficina de arte.

Denominações no movimento charme

Nesta trajetória desde os anos 1980, os charmeiros passaram a classificar as músicas e chamá-las de acordo com a ocasião de respectivos lançamentos, atribuindo-lhes o nome de "flash back" às músicas produzidas até meados dos anos 1980 e "midbacks" às produzidas entre o final dos anos 1980 e em toda a década de 1990. Esta denominação diferenciada das músicas no movimento charme também se deve parcialmente à existência de variadas vertentes dentro deste estilo, como por exemplo New Jack Swing, Smooth jazz, Slow Jams Urban e R&B Contemporâneo, que foram, dependendo de sua época, mais comumente produzidas e executadas.
Com certa regularidade são promovidos bailes de flash back e midbacks, especialmente para reunião de antigos freqüentadores dos bailes charme. Nestes bailes especiais, é nítida a diferença entre a faixa etária de seus freqüentadores, tradicionalmente chamados de "cascudos", em relação àquela vista em bailes com músicas atuais.

Movimento charme como aspecto cultural

Os bailes charme são desta forma eventos onde são executadas as músicas desta natureza, nos quais seus frequentadores primam pelo estilo elegante de suas roupas, e prezam originalmente pelas cores e nas referências ao caráter afro nos penteados e acessórios, sem falar na variada gama de seus passos e danças, desenvolvidas no salão, ao som das músicas tocadas pelo DJ.
O baile charme consiste então como um movimento popular cultural que propõe uma reinvenção da identidade cultural negra, expressada através das danças, da música, das roupas, da disseminação de valores, de respeito ao próximo e diversão. .

Referências





  • Fátima Regina Cecchetto. In: FGV Editora. Violência e estilos de masculinidade. [S.l.: s.n.]. ISBN 8522504547, 9788522504541

  • Silvio Essinger. In: Editora Record. Batidão Uma História Do Funk. [S.l.: s.n.]. ISBN 850107165X

  • Juarez Dayrell. A música entra em cena: o rap e o funk na socialização da juventude. [S.l.]: Editora UFMG, 2005. 160 p. 9788570414342


    1. Pedro Alexandre Sanches (10 de jun de 2012). O bairro do Divino, o baile charme e Madureira Yahoo!.

     

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