FILOSOFANDO - Sócrates e Platão

PLATÃO

SÓCRATES

FILOSOFANDO

1.      CONTRA O QUE LUTOU PLATÃO?

    Foi contra os sofistas que defendiam indiferentemente, os pontos de vista favoráveis ou desfavoráveis a qualquer assunto, que deslumbravam com essa habilidade, a mocidade encantada pela arte desses magníficos oradores. Na Grécia Antiga, há mais de dois mil anos atrás, o filósofo Platão condenava os persuasores profissionais, que eram os oradores.

  2. QUEM FOI GÓRGIA?

   Górgia foi um homem maravilhoso. O próprio Platão era seu admirador. Parece ter sido Górgia o único no mundo que em vida teve uma estátua de si mesmo, de ouro maciço, em tamanho natural. Foi mandada fazer por ele próprio e paga com seu dinheiro! Górgia enriqueceu ensinando oratória, e fez muito moço obscuro chegar às mais altas posições políticas, apenas pelo poder da palavra falada.

3.      QUAL FOI O 1º EXEMPLO DE PERSUASÃO NARRADO NA BÍBLIA E EXPLIQUE-O?

   O primeiro exemplo de persuasão que aparece no Livro é o da  Serpente, tentando Eva, no Paraíso. A Serpente, que tentou a Primeira Mulher, era “o mais astuto dos animais dos campos que o Senhor Deus tinha formado” (Gênesis, III,1).

   Com suas palavras, suavemente,  a Serpente forçou Eva a fazer aquilo que nossa Mãe Primeira não queria fazer. Nisso está a essência da persuasão: suavemente levar alguém a agir contra a sua própria vontade. Apresentar a “luz da Verdade”, ou seja, convencer, não adianta, na maioria dos casos. Os homens podem rejeitar a luz, e freqüentemente o fazem.

4.      POR QUE JESUS NÃO PERSUADIU OS HOMENS AO INVÉS DE TENTAR CONVENCÊ-LOS COM ARGUMENTOS DE MILAGRES?

         

   Quando Cristo veio ao Mundo, convenceu os Judeus de que era Filho de Deus, era o Messias tão longamente esperado. Convenceu-os pela Lei e pelos Profetas. Convenceu-os, pelos milagres que praticou. Convenceu-os, sendo o único homem que cumpriu todos os mandamentos de Moisés. Convenceu-os pela Palavra e pelas Ações. Convenceu-os, finalmente, ressuscitando. Vencidos e convencidos de nada adiantou! As trevas rejeitaram a luz, diz melancolicamente São João.

    Pensamos que Deus respeitou a liberdade do homem. Se persuadisse, cercearia essa mesma liberdade, pois, Deus quer que nós queiramos a Verdade, logicamente, não poderia persuadir.  A persuasão cerceia, habilmente, a liberdade de escolha da pessoa persuadida.

     A pessoa que souber persuadir obrigará, embora suavemente, o outro, a fazer ou não fazer, não aquilo que quer, mas o que o persuasor  decidir que irá ser feito.

     A persuasão tem esta superioridade sobre o convencimento: mesmo acreditando em outra coisa, a pessoa pode ser persuadida a agir contrariamente ao que sabe e ao que crê.

5.      POR QUE A PALAVRA FALADA SOBREPUJA A PALAVRA ESCRITA?

     É que a palavra falada contém mais coisas que a escrita: possui a capacidade de transmitir emoções, intenções e estados de alma de quem a pronuncia. Portanto, é “mais palavra” que a outra. Diz mais que a palavra escrita. Logicamente, é mais eficaz. Além disso a palavra falada penetra no ouvinte ainda que ele não queira, ao passo que podemos deixar de ler algo, querendo. A continuação ou interrupção da mensagem não depende da vontade do ouvinte, mas da nossa.

6.      FAÇA UMA ANALOGIA PARA DEMONSTRAR A IMPORTÂNCIA DA PALAVRA.

     A imagem do Príncipe Encantado para simbolizar o orador. A idéia, bela e encantadora, é como a Bela Adormecida do Bosque. A princesa, encantada pela bruxa, não poderia voltar à vida, enquanto não recebesse um beijo de amor.

 O orador é o Príncipe Encantado que, com seus lábios animados pelo amor às idéias, fá-las reviver e atuar dentro da sociedade de seu tempo.

 Os livros são como a redoma de vidro que protegia a Princesa. Dentro dos livros, dormem as idéias e continuam dormindo, até que um orador, apaixonado por elas, lhes transmita o fogo de sua convicção e as faça acordar.

    O orador é ainda como o Cristo ao ressuscitar Lázaro.  Lázaro jazia no seu sepulcro, enfaixado, há quatro dias. Jesus, após chorar-lhe a morte, manda que retirem a pedra do túmulo e o chama à vida. E o morto ressuscita. No túmulo dos livros, no cemitério das bibliotecas, dorme o pensamento, morto como Lázaro. O orador é o Cristo: comove-se primeiro ao contemplar a figura imóvel do pensamento contido nos volumes. Possuído de inspiração, pelo poder do verbo chama à vida o pensamento.

 7. O QUE SIGNIFICA ESTA FRASE “MENS AGITAT MOLEM” ?

     As idéias dirigem o mundo.

8.      DÊ DOIS EXEMPLOS DE HOMENS QUE PELO PODER DAS PALAVRAS MUDARAM A VIDA DO POVO?

    Sócrates que jamais escreveu alguma coisa. Seus ensinamentos formaram a mentalidade de seu povo. Platão, seu discípulo, escreveu muita coisa a respeito do Mestre Grego mas a grande influência de Sócrates deve-se à sua palavra encantada que penetrava diretamente no coração dos discípulos.

    Também Jesus nada escreveu. A única vez que escreveu foi na areia. Quando pretendiam apedrejar a adúltera, escreveu o pecado de cada um que levantava uma pedra. Fê-lo na areia, para que o vento, ao passar, apagasse sua acusação. Seus ensinamentos todos foram transmitidos de viva voz até os dias de hoje.

  9.  QUAL É A PEDRA ANGULAR DO CRISTIANISMO?

 

    A tradição oral, não obstante todo o valor das Escrituras. É falando, é pelo poder do verbo, que o mundo caminha e progride.

10.  QUAL A DIFERENÇA ENTRE PERSUADIR E CONVENCER?

    Persuadir vem do latim PERSUADERE, significando “aconselhar, dar conselhos, fazer acreditar, levar a uma opinião”.

    Convencer, contém o verbo “vencer”. Isso dá à palavra a idéia de combate, luta, disputa. O “convencido” foi, antes de mais nada, “vencido”. Vencido pela argumentação, pela demonstração da Verdade do nosso ponto de vista. Está “obrigado” moralmente a atuar de acordo com sua convicção.

    A persuasão, de fato, não se preocupa com a Inteligência do outro, mas cuida diretamente da sua Vontade.

    A persuasão é prática e objetiva, o convencimento é teórico e subjetivo.

11.  JUSTIFIQUE OU NÃO ESTA PROPOSIÇÃO: “O HOMEM AGE COM A VONTADE E NÃO COM A INTELIGÊNCIA”

    A inteligência tem que aderir à Verdade, irresistivelmente. A Vontade, entretanto, pode agir de acordo com a Verdade, ou não. Pode mais: pode ir contra a Verdade.

Os persuasores não têm culpa se os homens não seguem a Inteligência e a Verdade. Desde a mais remota antiguidade já sabiam os persuasores que, para persuadir, não precisamos usar Verdades.

12.  O QUE SE CHAMA DE RETÓRICA?

   De fato a retórica preocupa-se muito mais com a Verossimilhança (aquilo que parece verdade) do que com a Verdade em si. O filósofo grego Platão não se conformava com isso e ataca a retórica como imoral e isso por não cuidar da Verdade como objetivo supremo.  Sendo idealista, ou melhor, acreditando que “as idéias são as únicas coisas que existem realmente”, era natural que o discípulo de Sócrates assim agisse. Professor e aluno acreditavam bastar ao homem conhecer a Verdade, para a ela aderirem. Isso, infelizmente, não corresponde à realidade.

13.  QUAIS SÃO AS DUAS OBRAS EM QUE PLATÃO ATACA A RETÓRICA COMO IMORAL E PORQUÊ?

     Platão, o filósofo dos Ensaios, em duas obras ataca a retórica como imoral, são: GÓRGIAS e FÉDON.

14.  QUE SIMBOLIZAVA O CAJADO DE MOISÉS?

    A Serpente é o símbolo da Persuasão. O próprio Salvador foi também simbolizado pela serpente de bronze que Moisés levantava no deserto para que os Judeus não morressem de epidemia que grassava. Quem a visse, estaria salvo. Além do mais, a Serpente em si não representa outra coisa além da sabedoria e da habilidade.

15.  INTERPRETE O QUE DIZ JESUS, SEGUNDO MATEUS, CAP. X, VERS. 15:

 “EU VOS ENVIO COMO OVELHAS NO MEIO DE LOBOS.  SÊDE, POIS, PRUDENTES COMO AS SERPENTES, MAS SIMPLES COMO AS POMBAS”.

    Cristo reconhece a importância da astúcia e prudência da serpente e a recomenda aos discípulos que iam pelo mundo afora pregar o Evangelho. A pureza da pomba, a simplicidade e a brancura da Verdade, entretanto, são as condições indispensáveis para que a persuasão não constitua imoralidade. A arte de persuadir é como a faca: instrumento de crime nas mãos do homicida e bisturi salvador , nas mãos do cirurgião.