Solidariedade- Créditos ao colega Genésio Paulino Pinto




O ser humano é de um lirismo ácido. Todos sabem que errar é humano, mas insistimos em ser deuses, temos necessidade neurótica de sermos perfeitos. Amamos conviver com pessoas simples, despojadas, mas complicamos nossa vida. A energia gasta pela necessidade neurótica de ser perfeito é caríssima, esmaga o prazer de viver.

O medo da crítica, do vexame, da rejeição, do pensamento alheio, dos olhares sociais, tem feito mentes brilhantes apagarem seus luzeiros. Por nada e ninguém podemos deixar de decifrar o código da espontaneidade. Quem não o decifra pouco a pouco se deprime. Nossa liberdade não pode estar à venda por preço algum. Mas a vendemos  por bobagens, a trocamos com incrível  facilidade. Veja os exemplos.

Quando alguém nos aponta um erro, mudamos de cor e trocamos de humor. Quando alguém revela alguma atitude estúpida, ficamos indignados. Nas relações em que o poder é desigual, a situação é pior. Quando um paciente corrige um psiquiatra, gera um escândalo. Quando um funcionário aponta uma falha de um executivo, é sinal de irreverência. Quando um filho discorre sobre um comportamento débil  de um pai, revela um desacato à autoridade. Nada tão absurdo! Nada tão imaturo!

Nas relações desiguais, o vírus do orgulho contagia em frações de segundo o cérebro daquele que se considera superior, levando-o a silenciar a voz do que está em posição inferior. Tais reações são doentias, pois não há psiquiatra, executivo e pais que não falhem e, às vezes, vexatoriamente. Quem usa a relação de poder para impor suas ideias não é digno do poder em que está investido.

Quantos professores não cometeram acidentes na formação da personalidade dos seus alunos, ainda que sem o perceber, porque nunca tiveram coragem de pedir desculpas quando levantaram a voz desnecessariamente ou julgaram precipitadamente? Não decifraram o código do desprendimento e da generosidade.

Certa vez, um professor fez um aluno repetir várias vezes uma palavra que não conseguia articular diante de seus colegas até acertar. Quanto mais tentava, mais errava e mais arquivava janelas killers dentro de si. Até que começou a chorar e o professor se arrefeceu.

Poucos segundos pautam uma história. Sua atitude desastrosa aprisionou esse jovem aluno no lugar que deveria ser espontâneo e livre. O resultado? Nunca mais, mesmo quando adulto, conseguiu falar em grupo. Ao tentar se expressar, tinha falta de ar, excesso de suor, seu coração parecia que ia sair pela boca. Seu cérebro o preparava para fugir do monstro do vexame, da humilhação, cravado em sua psique.

Muitos pais querem que seus filhos sejam humanos, mas eles mesmos se comportam como se fossem supra-humanos. Pais no mundo todo, da Europa à China, do Oriente Médio às Américas, querem que seus filhos reconheçam seus erros, mas neuroticamente não reconhecem os erros deles. Querem que seus filhos se humanizem, mas eles se comportam como deuses.
Quem não decifra os códigos da inteligência acaba formando deuses, jovens insensíveis, frios, que só pensam em si mesmos. Quem os decifra e os aplica tem grande chance de formar pensadores de decifrarão e aplicarão também esses códigos.

O excelente mestre não é o que mais sabe, mas o que tem consciência do quanto não sabe. Não é o que é viciado em ensinar,  mas o mais ávido a aprender. Não é o que declara os seus acertos, mas o que reconhece as suas limitações. A. Cury, em  Maria, a maior educadora da História.

Fonte: O Código da Inteligência - Augusto Cury.


"PESSOAS REFLEXIVAS,  SONHADORAS e SOLIDÁRIAS"

Comentários

Postagens mais visitadas