JULGAMENTO E MORTE DA DEMOCRACIA DO BRASIL

Publicação de 2016- " FOI GOLPE!"

O Tempo passou, 1954, 2016... Bem atual...  De quem lembramos!?





______________________________________________

O GOLPE DE CLASSES DAS ELITES
___________________________________________________



Carta-testamento de Getúlio Vargas


A Carta Testamento de Getúlio Vargas é um documento endereçado ao povo brasileiro escrito por Getúlio Vargas horas antes de seu suicídio, na data de 24 de agosto de 1954

Existe uma nota manuscrita do suicídio, e um berrador "Carta Testamento", da qual se conhecem 3 cópias. Existe polêmica quanto à autenticidade do texto datilografado.[1]

Cópia da Carta-testamento de Getúlio Vargas, 24 de agosto de 1954:“Mais uma vez as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam; e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.

Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a Justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar a liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobras, mal começa esta a funcionar a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o povo seja independente. Assumi o governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia a ponto de sermos obrigados a ceder. Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo e renunciando a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a não ser o meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com perdão. E aos que pensam que me derrotam respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo, de quem fui escravo, não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue terá o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio.



" Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história."


Consequências do suicídio e reações populares


Há quem diga que o suicídio de Getúlio Vargas adiou um golpe militar que pretendia depô-lo. O pretendido golpe de estado tornou-se, então, desnecessário, pois assumira o poder um político conservador, Café Filho. O golpe militar veio, por fim, em 1964. Golpe de Estado que foi feito, essencialmente, no lado militar, por ex-tenentes de 1930.

Para outros, o suicídio de Getúlio fez com que passasse da condição de acusado à condição de vítima que morreu. Isto teria preservado a popularidade do trabalhismo e do PTB e impedido Café Filho, sucessor de Getúlio, por falta de clima político, de fazer uma investigação profunda sobre as possíveis irregularidades do último governo de Getúlio.

E, por fim, o clima de comoção popular devido à morte de Getúlio teria facilitado a eleição de Juscelino Kubitschek à presidência da república e de João Goulart (o Jango) à vice-presidência, em 1955, derrotando a UDN, adversária de Getúlio. JK e João Goulart são considerados, por alguns, como dois dos "herdeiros políticos" de Getúlio.


Carlos Lacerda teve que fugir do país, com medo de represálias populares.


Anos mais tarde, em 1962, na 6ª faixa do disco LP: Saudades de Passo Fundo, Teixeirinha homenageou o presidente gaúcho Getúlio Vargas, com a faixa de nome: 24 de Agosto, lembrando o impacto popular que foi a morte repentina do então presidente do Brasil. Um trecho da música de Teixeirinha mostra claramente este fato:


Vinte e quatro de agosto

A terra estremeceu

Os rádios anunciaram

O fato que aconteceu,

As nuvens cobriram o céu

O povo em geral sofreu

O Brasil se vestiu de luto

Getúlio Vargas morreu!




Seu nome ficou na história

Pra nossa recordação

Seu sorriso era a vitória

Da nossa imensa nação

Com saúde ele venceu

Guerra e revolução

Depois foi morrer a bala

Pela sua própria mão.
___________________________________________________
___________________________________________________

Guilherme Le Cocq ja leu o relato da Malu?

Vou fazer um breve relatório do dia de ontem. 29/08/2016


Minha viagem durou uma hora a mais que o previsto. Queria chegar às 8 lá embaixo, mas só consegui chegar às 10:30h. Assim que cheguei, passei no hotel pra deixar a mala, carregar um pouco meu celular e desci pra saber o que estava acontecendo no Senado.

Estava com muita pressa e tudo em Brasília parecia mais distante do que já era.

Mirian foi à frente e eu me encontraria com ela lá.

Chegando na Esplanada, peguei o lado errado do muro e andei uns bons 500 metros em direção à área vip reservada aos fascistas.

Logo, encontrei no meio do caminho 3 pessoas voltando que me alertaram que também haviam pego o lado errado.

Eu estava com pressa de recuperar a caminhada perdida, mas naquele grupo havia uma senhora profundamente abalada, com problemas no joelho, revoltada com a dificuldade de acesso imposta pelo usurpador, indignada com o que estava presenciando pela segunda vez na vida e sentindo toda aquela injustiça imposta à Dilma, como se a injustiça fosse contra ela também.

Era o sentimento geral. Queiram ou não, gostem ou não, entendam ou não, a injustiça é democrática.

Desacelerei minha adrenalina e voltamos juntos, conversando, respeitando os passos daqueles senhores de mais de 60 anos que me encontraram pelo caminho, até chegarmos à concentração dos nossos.

Quantas mulheres lá... E quantas e quantas pessoas com mais de 60 anos, firmes e fortes, guerreiras aguentando sol, distâncias intermináveis e toda a falta de estrutura que vocês possam imaginar.

Antes do meio dia, o usurpador mandou retirar os banheiros químicos. Só o lado dos fascistas permaneceu com banheiros. Fascistas lá do outro lado do muro, nem meia dúzia. Eram 5 ordinários com acesso livre. Do nosso lado, já centenas de pessoas logo pela manhã. Idosos, crianças...

O choque estava lá na nossa frente, impedindo uma possível invasão ao Senado. Robocops de 2 metros de altura, contra mulheres, idosos e crianças - um perigo à ordem e ao progresso do golpe. E invadir o Senado, era tudo o que a gente queria.

Eita muierada brava, minha gente. Ah, se não fossem as mulheres... Faltou muito homem brabo com cinta na mão por lá.

Distância de 1,5 km entre a concentração e o banheiro mais próximo - rodoviária. Lá encontrei tomada para recarregar o meu celular, comer alguma coisa e descer de novo.

Foi aí que (pasmem) o Ministério da Justiça começou a ceder seu banheiro pras pessoas que estavam lá. Banheiro e uma tomada na parede. Logo chegou um carro com café e tapioca e a sombra dos prédios.

Próximo ato, seria às 18h.

Enquanto isso, eu conversava com gente de tudo que é lugar desse país. Os mineiros ali eram, por enquanto, maioria. Discutíamos o Golpe, como começou, o que poderíamos ter feito para contê-lo, o que faremos depois. Os mais velhos, os que já passaram pelo último golpe do século passado, são os mais determinados: "Pego em armas se for preciso".

E uma coisa é certa: brasileiro, acostumado a deixar tudo pra última hora, vai botar fogo nesse país. Não tenham dúvidas. Esse país vai ficar em chamas se a injustiça for acatada.

Bom, lá pras 17h, o povo desceu dos acampamentos. Cena linda.

A Globo não estava lá. Veio uma mocinha do SBT com cara de pânico. Ensaiou entrevistas com nosso grupo, mas viu que não iria conseguir mais do que a verdade "GOLPE!". Eu ainda tentei negociar uma entrevista, com a gente fazendo mímica ao fundo, sem gritaria, mas Silvio Santos não se interessou.

Então, a gente começou a acompanhar o final da votação pelo tablet da Bel e organizar o próximo ato - casa da Dilma. Acesso negado pela via que passa em frente à casa do usurpador. Mas nos deram a informação de um desvio pra gente chegar até lá. Um desvio quilométrico que não só nós, mas a própria Dilma era obrigada a fazê-lo, diariamente.

Quando Dilma chegou até o Alvorada, já passava da meia-noite. Foram 13 horas respondendo às mesmas ordinárias perguntas. De cara limpa e alma íntegra. Hoje, soubemos pelas redes que não faltou cocaína pra turbinar o cinismo no Senado.

Nosso grupo estava lá para recebê-la e mostrar à ela que, naquela noite, a solidão daquela casa não a recepcionaria, desde os portões de entrada.

Esperando uma Dilma "abandonada", estava a Globo. Acabamos com a graça deles. Logo chegou a Reuters e a exclusividade daquele momento não era só dos Marinho.

Dilma passa em velocidade pelo portão e, pra minha surpresa, abaixa o vidro e acena pra nós.

Que MULHER é essa? Sinceramente, a força da mulher que elegemos primeira Presidenta do nosso país, é de outro mundo. Somos os melhores eleitores do planeta. Por isso, roubam nossa escolha.

Não vou esconder de vocês as lágrimas de todos que encontrei ao longo de todo o dia de ontem. Lágrimas sim. Esperança, muita.

Gente de cabeça erguida com uma profunda dor na alma.

Injustiça dói demais.

Mas é a coragem que nos faz aguentar as dores mais insuportáveis em busca da justiça.

___________________________________________________

Comentários

Postagens mais visitadas