FANATISMO- Que em 2018 todos possam perceber que o futebol é muito mais do que seu clube preferido

Por Humberto Perón....Fonte O Globo







Os fanáticos por um clube sempre existiram, mas nos últimos anos, principalmente com as redes sociais, eles se multiplicaram. Chamo de fanático aquele que – tenho certeza – não gosta de futebol, ele só ama o seu clube e mais nada.
É só ler ou ouvir algo que não ache correto para ficar ofendido e começar a dizer que ninguém entende de futebol, a não ser ele e os simpatizantes de sua equipe. Quando ele não tem ninguém de outro clube para discutir, ele já começa uma briga – quase sempre tola – com o torcedor do próprio time. O fanático, cada vez mais, se sente dono da equipe e no direito de interferir no cotidiano do clube pressionando jogadores e dirigentes
Também perde a noção e faz comparações absurdas do que foi tido do seu clube e dos concorrentes e acha que o seu clube é sempre perseguido, até quando ganha. Aliás, quando o seu time vence, ele tem uma vitória épica, pois não apenas bateu o adversário, como também derrotou a tudo e a todas as forças historicamente sempre prejudicaram sua paixão.
Atualmente, além de só defenderem seus clubes, esse tipo de torcedor também não quer nem falar o nome do rival – pena que alguns clubes comprem essa ideia, com anúncios como estes “substituição na equipe visitante”, nos estádios. Qualquer motivo serve para desqualificar o adversário, que ganham inúmeros apelidos. O que nenhum cego por sua paixão consegue perceber é que o seu time se torna maior quando ele vence times fortes e suas conquistas serão mais valorizadas.
Lógico que todo mundo torce por um time, mas quando ela se torna extremada, se perde, por exemplo, um dos grandes prazeres de quem gosta de futebol, que é sentar como os amigos e falar do esporte. É impossível, com um fanático ter mais do que cinco minutos de papo, sem que ele comece a gritar e discutir e tirar toda a graça do encontro.

Não é nenhum pecado ver qualidades no adversário. Como também não desqualifica o seu ídolo maior dizer que um jogador de outro time é bom. Atualmente, ninguém, por exemplo, combina com amigos torcedores de outro para acompanhar uma partida do time dos colegas, mesmo se for ao estádio para torcer contra.
Tudo bem que não temos tantos esquadrões por aqui, mas deve ter um time – ou jogador -, além do seu que você gostaria de acompanhar. Não faz muito tempo, levei o meu filho para ver o Neymar com a camisa do Santos e nem por isso, ele mudou de time – por sorte o mesmo que eu tenho simpatia.
Cresci com meu pai me levando para ver, além da Academia do Palmeiras, o Internacional, com Falcão no auge; Rivellino e seus dribles no Corinthians que lutava por um título; o Flamengo de Zico; o Cruzeiro, com os chutes do Nelinho, que eu só via pela TV e sonha em ver as suas cobranças de falta no estádio; o Pelé com a camisa 10 do Santos já no final de carreira; o Santa Cruz de 1975 e outros tantos esquadrões. Por tudo isso, passei a gostar não só do meu time, mas também do futebol, o que mantenho até hoje e tento passar para frente.
Não quero que você deixe de amar o seu clube em 2018, mas que no próximo ano você possa gostar um pouco mais do futebol e que o esporte é belo, mesmo quando sua paixão não está jogando.
Neste último texto da temporada, agradeço a todos que passaram pelo “Peron na Arquibancada”. E que em 2018, vocês, assim como seus clubes, só acumulem vitórias.
Um feliz ano novo para todos.
Mais pitacos: @humbertoperon

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